quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

P.L.B.

Assista: agentes filmam portas danificadas e buracos em celas da Lemos Brito



Agentes penitenciários fizeram uma revista, conhecida como “baculejo”, em celas do módulo cinco da Penitenciária Lemos Brito, no Complexo Penitenciário Salvador, no bairro da Mata Escura, na manhã desta quarta-feira (18). De acordo com o Sindicato dos Servidores Penitenciários da Bahia (Sinspeb), que registrou as imagens, o objetivo da ação foi identificar possíveis buracos ou outros meios que pudessem facilitar a fuga de internos.
Durante as ações, que tiveram apoio do Batalhão de Guarda da Polícia Militar, os agentes registraram portas danificadas, com dobradiças quebradas, chapa solta e algumas presas com pedaços de pano e arames. Segundo o Sinspeb, mais da metade das portas das celas do módulo cinco está com defeito, o que oferece facilidade, tanto para a fuga dos presos, quanto para saírem a hora que quiserem do cárcere.
Durante as revistas, também foram encontrados buracos nas paredes. O sindicato explica que estes buracos têm algumas finalidades, a exemplo da comunicação entre presos, o transporte de objetos quando a cela está fechada, além de uma forma do interno demonstrar a fragilidade da própria estrutura.
O coordenador do Sinspeb, Geonias Santos, chama atenção para a estrutura das paredes da cela. “São de blocos vermelhos e reboco com cimento, quando na verdade as paredes deveriam ser de concreto e placas de aço. Este módulo da Lemos Brito existe há cerca de 50 anos e nunca passou por qualquer manutenção significativa, apenas reparos”.
Durante a revista também foram encontrados aparelhos celulares, além de presos portando quantias em dinheiro, entre R$ 200 e R$ 500. Apesar de portar os valores, os agentes não podem apreender, pois não existe recomendação no Código Execução Penal para tal procedimento.   

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O poder paralelo

Conheça a estrutura de poder paralelo dentro dos presídios baianos



Conhecido como “Gringo”, Leandro da Conceição Santos Fonseca, de 25 anos, é apontado como líder da facção Bonde do Maluco (BDM) em Itinga. Preso, Gringo continuou a exercer o seu poder de dentro da penitenciária. Ele, que é investigado pela 27ª Delegacia Territorial (DT) como autor ou mandante de metade dos crimes ocorridos na área em 2016, ocupa o papel de "frente" dentro do sistema prisional.
 
O exemplo de Gringo mostra como o poder paralelo dentro das cadeias baianas se estabeleceu de forma organizada. De acordo com o Sindicato dos Servidores Penitenciário da Bahia (Sinspeb), o líder das organizações criminosas dentro dos presídios é conhecido como "frente". Além dele, existem os “soldados” – que prestam a segurança do “frente” e os “couro de rato, ou fariseus”, que fazem o “trabalho sujo” dos grupos. 
 
Segundo o Sinspeb, o "frente" é um preso que, com a ajuda de outros apenados, se estabeleceu como líder. Para o "frente", são dados poderes informais de gestor dentro das unidades. 
 
"O 'frente' detém o poder de vida e de morte sobre os demais presos. Mais grave ainda, através do seu exército armado e drogado, pratica todo e qualquer crime dentro das unidades prisionais cotidianamente, citamos como exemplo: sequestros, extorsões, estupros, agressões, espancamentos, escravidão e assassinato. A maioria desses crimes são denunciados por vítimas que por não mais suportarem as agressões, se arriscam em um último gesto de desespero, tendo em vista que conhecem os riscos decorrentes da denúncia”, afirma, ao completar: 
 
                                                                            Foto: Divulgação / Sinpesb - Soldados fazem proteção do "Frente"
 
“É comum internos ‘passarem o portão’ que é o ato de fugir do convívio dos pátios, isso acontece quando o preso vê a oportunidade de pedir socorro aos agentes, normalmente no horário do fechamento da cadeia, entretanto não se limita a horários, pois passam o portão a qualquer momento oportuno. Isso acontece por não terem mais como pagar aos ‘frentes’ pela sua sobrevivência ou mesmo convivência”, diz o sindicato, em documento entregue ao Bocão News.
 
Como toda estrutura de poder, o “frente” precisa de apoio. Quem fica responsável por fazer a proteção do “frente” são os “soldados”. Estes, geralmente, andam armados e garantem que o chefe não seja atingido por rivais. 
 
O trabalho de executar inimigos, assumir apreensões de drogas, armas e celulares fica por conta do “couro de rato”, também conhecido como “fariseu”. Este preso, segundo o Sinspeb, é mais pobre e executa esses “serviços” em troca de dinheiro e proteção nas unidades. 
 
MAPA DE FRENTES - A Sinspeb revelou um verdadeiro mapa dos “frentes”. Segundo o sindicato, em cada ala de cada unidade prisional baiana existe um “frente”, que está sob autoridade de um líder maior ou chefe dos frentes, a exemplo da facção, Comando da Paz, “CP”, em que os “frentes” obedecem a Cláudio Campanha, líder geral desta facção. Campanha está preso, mas não há informações da unidade prisional onde ele está. Outro exemplo é o de Genilson Lima da Silva (Perna); líder da facção Caveira, que, segundo o Sinspeb está presente em todas unidades prisionais do estado com seus “frentes”, também recebendo ordens de “Perna”. Também não há informações sobre a unidade em que ele está preso.
 
Segundo o Sinspeb, a facção de maior quantidade de internos é o BDM.
 
 
O líder da CP no pátio do Presídio de Salvador ameaçando um rival da BDM que está no "seguro", ala superior destinada aos estupradores, mas que estão sendo colocados rivais dá CP por conta da reforma do prédio anexo.
 
AMEAÇAS - Segundo o sindicato, comumente os agentes tentam disciplinar os presos, mas são "encurralados" e sofrem pressão dos apenados. 
 
"Surgem questionamentos como 'seu agente, o senhor mora em tal lugar, não é?', ' na rua tal, é isso mesmo?'. Isso é uma forma de intimidar", aponta o sindicato.
 
O Bocão News procurou a Seap, no entanto, não recebeu resposta sobre os questionamentos. Prepostos da secretaria informaram que os esclarecimentos só seriam dados nesta terça-feira (17).

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O preço de ser Policial Militar...

Salvador

'Não vou aguentar', disse policial antes de morrer em assalto a ônibus

Jaílson César dos Santos Mendes, 43 anos, foi baleado no rosto ao reagir ao assalto e morreu a caminho do Hospital Geral Roberto Santos
13/01/2017 11:11:29
"Eu não vou aguentar, eu vou morrer", disse o policial Jaílson César dos Santos Mendes, 43 anos, após ser baleado em um assalto a ônibus no início da manhã desta sexta-feira (13), na altura do bairro do Imbuí.
Ao lado dele, o motorista do coletivo, do Consórcio Integra, tentava acalmá-lo: "Não, você não vai morrer não. Fique firme, abra os olhos, você não vai morrer, você vai aguentar", contou o supervisor do consórcio, que preferiu não ser identificado. O policial estava certo. Ele não resistiu e morreu antes de dar entrada no Hospital Geral Roberto Santos (HGE).
(Foto: Tailane Muniz/CORREIO )
Policial estava no ônibus a caminho do trabalho, na 53ª CIPM, em Mata de São João
Jailson era lotado na 53ª Companhia Independente da Polícia Militar (Mata de São João), onde estava havia 15 anos. Equipes da Força-Tarefa da Secretaria da Segurança Pública que investiga mortes de policiais já ouviram seis testemunhas que presenciaram a morte do PM. Testemunhas dizem que dois homens, um deles aparentando ser ainda adolescente, entraram no coletivo na região do Iguatemi e anunciaram o assalto na Avenida Paralela.
“Segundo as testemunhas, no momento que o roubo foi iniciado o militar reagiu e acabou atingido por disparos de arma de fogo. Chegamos no local do crime às 7 horas, pouco depois da ocorrência do fato, e obtivemos importantes detalhes que certamente nos ajudarão na elucidação do caso”, explicou o coordenador da Força-Tarefa, delegado Odair Carneiro.
Sogra da vítima, a autônoma Rosimeire Augusto dos Santos, 52 anos, conta que o policial era casado havia dez anos com a filha dela e tinha um filho de 7 anos. "Está doendo muito, ele era um menino do bem, um pai de família, um policial pacato, cheio de amigos e colegas que agora estão despedaçados. Era como um filho para mim, um homem exemplar", lamentou. 
A família recebeu a notícia pela comandante da 53ª companhia, onde o policial trabalhava, por volta das 6h20. "Ele estava indo para o trabalho, não tinha carro", informou a sogra. Familiares da vítima como o pai, um tio policial, esposa  e irmãos estiveram no hospital. Eles estavam bastante abalados e não quiseram falar com a imprensa. "Era um policial tranquilo, com certeza não esperava passar por isso um dia. Nem parecia que era policial, era bem tranquilo", completou a sogra.
Em nota, a Polícia Militar lamentou a morte do soldado. “É muito doloroso perder um irmão de farda que, mesmo antes de assumir o serviço, colocou em risco a própria vida para defender a sociedade. A corporação está enlutada”, lamentou o comandante geral da PMBA, coronel Anselmo Brandão. Ainda nção há informações sobre o dia, horário e local do enterro da vítima