quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Estatuto do crime na Bahia...

Com drogas vindas do exterior, fornecedor da facção Katiara é o mesmo do PCC

PF prende mulher de Roceirinho em Nazaré
A ligação entre a facção Katiara e o PCC (Primeiro Comando da Capital) vai além de a quadrilha comandada por Roceirinho inspirar-se na facção paulista para criar o seu código de conduta, batizado de Estatuto da Katiara. As duas organizações criminosas têm o mesmo fornecedor de drogas, conhecido como Alemão, responsável pela negociação direta com traficantes do Mato Grosso do Sul e Paraná, estados que fazem fronteira com o Paraguai e Bolívia, produtores de maconha e cocaína, respectivamente.

A informação é da Polícia Federal, que  na terça-feira cumpriu dez mandados de prisão preventiva por tráfico de drogas e associação por tráfico em Salvador, Serrinha, Nazaré, Feira de Santana e Mirandópolis (SP).

Entre os mandados cumpridos, um deles foi contra o líder da Katiara, o traficante Roceirinho, que está custodiado no Presídio de Serrinha. “Quando ainda estava no Complexo da Mata Escura, ele dava as ordens tranquilamente através do uso de celulares. Com a autorização da Justiça, interceptamos as ligações e constatamos várias conversas com Alemão”, explicou ontem o delegado Leonardo Almeida Rodrigues, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF.
Roceirinho (à esquerda) está desde 2012 em presídio federal no Mato Grosso do Sul
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
 “Em sua defesa, Roceirinho disse que deixou o tráfico em 2013 e que pessoas usam o nome dele para se promover e que veio para Salvador trabalhar como açougueiro em Valéria, onde vivem seus pais”, disse o delegado, que interrogou o líder da Katiara dentro do presídio de Serrinha.Também foi presa na operação a mulher de Roceirinho, Ana Carla Ferreira, 26 anos, que estava em prisão domiciliar em Nazaré, no Recôncavo. Alemão,  que já cumpria pena em presídio em Mirandópolis (SP), responderá, agora, por mais um processo por tráfico de drogas.
Os mandados foram cumpridos também em Salvador - cinco no total, dos quais três foram no Complexo Penitenciário da Mata Escura, um no Barbalho e outro em Itapuã. Os policiais federais estiveram também em Feira de Santana, onde duas pessoas foram capturadas. “Só teve mandado de prisão de gerente para cima, pessoas de confiança, que viajam para finalizar a compra das drogas”, declarou o delegado Leonardo Almeida.
Logística
No caso específico da Katiara, o delegado Leonardo disse que uma pessoa de confiança de Roceirinho viajava a São Paulo exclusivamente para pagar integralmente Alemão, em local não informado pela PF. De posse do dinheiro, Alemão encomendava a carga a traficantes do Mato Grosso Sul e Paraná, que, por sua vez, faziam a compra com organizações do narcotráfico do Paraguai e da Bolívia.

 “Alemão é o cara que comprava a droga que vinha das fronteiras e revendia para Katiara, PCC e outras facções do país”, explicou o delegado.
 
Ainda segundo a Polícia Federal, a carga chega à Bahia em carros e vai direto para as cidades de São Sebastião do Passé e Alagoinhas, onde ficam armazenadas em fazendas e sítios. Depois de um período, a carga é transportada para os bairros de Valéria e Palestina, onde, segundo o delegado, ficam os centros de distribuição da quadrilha em Salvador e no Recôncavo.
Estatuto
A Polícia Federal começou a investigar a Katiara em 2013 com a Operação Tríade.
Entre 2013 e 2014, a PF aprendeu da facção 2,5 toneladas de maconha e 513 kg de cocaína, um montante estimado em R$ 52 milhões. “Acredito que foi um golpe duro na organização criminosa”, declarou o delegado Leonardo Almeida Rodrigues, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF.

Para o delegado Leonardo Almeida Rodrigues, a Katiara está longe de ser uma simples quadrilha de traficantes, mas sim “uma cópia quase do PCC. Uma prova disso é o Estatuto da Katiara, divulgado pela imprensa”, disse o delegado, referindo-se à matéria do CORREIO, que, no dia 2 de agosto  divulgou com exclusividade o documento da facção, inspirado nos moldes do PCC (veja alguns trechos do documento abaixo)

 “É um grupo muito bem organizado. Tem seus chefes, pessoas mais próximas ao líder da facção que pede conselhos de como agir, que administram os negócios. Tem os gerentes, pessoas que distribuem as drogas para ele (Roceirinho). São esses que viajam para finalizar o acerto com Alemão e contratam alguém para trazer a carga de lá para a Bahia. Além disso, tem os soldados, moradores dos bairros que fazem a segurança das bocas”, emendou o delegado.

Hierarquia familiar
Segundo o delegado, no topo da pirâmide está Roceirinho. Depois dele, um irmão, Fernando de Jesus Lima, o Ojuara. “Tem muita gente da família envolvida. O irmão dele é o segundo no comando, que controlava todas as ações em Salvador”, disse. Na mesma função de Ojurara, Alan Santos Fonseca, o Junior Pial, ou JP, respondia pelas bocas de fumo de Nazaré e o restante do Recôncavo.

Os dois foram presos em dezembro do ano passado, quando foram flagrados a bordo de um veículo, na região do Retiro, com uma pistola Glock automática, de calibre ponto 40, com dois carregadores municiados. Na época, a polícia apurou que “JP” e “Ojuara” ordenaram os ataques aos ônibus em Valéria, ainda em dezembro, depois que um comparsa traficante teria sido morto numa troca de tiros com policiais militares.
CORREIO denunciou práticas de tortura no mangue
No último dia 23, o CORREIO mostrou que, em Nazaré, a Katiara usa  métodos de tortura que incluem deixar rivais e devedores amarrados no mangue, feridos, sem comer, expostos a insetos e caranguejos.
O delegado Leonardo Almeida disse que, durante as investigações da Polícia Federal, também obteve relatos sobre as práticas. “A organização criminosa tentava manter a hegemonia no local e tivemos vários informes que houve torturas de inimigos e muitas mortes”, disse.
O mangue funcionava como um tribunal do júri.  Moradores relataram que,  à noite,  ouvem, vindos do mangue, gritos e gemidos de vítimas da facção sendo espancadas. Depois, elas são deixadas amarradas, por dias, com os ferimentos  expostos a insetos e caranguejos. Para a foz do Rio Jaguaripe, entre os bairros Apaga Fogo e  Muritiba, são levados devedores e quem desobedece as regras da facção. Aqueles que devem muito não têm segunda chance e são mortos de imediato. 
Depois de julgadas por uma comissão, formada pelo gerente da boca e comparsas, as vítimas são agredidas e amarradas. No caso de dívida de droga, aguarda-se o pagamento do montante devido pela família. A intenção dos bandidos é fazer com que os parentes quitem as dívidas, mas a maioria acaba morrendo e os corpos são despejados no mangue. A outra forma de tortura é  arrastar as vítimas na rua e, depois, jogar os corpos nas casas das famílias.
Comandante da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nazaré), o  capitão Maurício Costa contou que integrantes da própria Katiara já foram amarrados no mangue.  “O chefe deles mandou amarrá-los como castigo. Já encontramos um tronco com corda”, disse à reportagem.
Na semana passada, uma operação das polícias Civil e Militar efetuou dez prisões na região.
TRECHOS DO ESTATUTO (ERROS DE PORTUGUÊS MANTIDOS)
INTRODUÇÃO  
 
“A todos os irmãos que foi fundado O Primeiro Comando do Recôncavo de Nazaré das Farinhas, que sua hierarquia é chamada Katiara, que foi fundada no dia 16/10/2013. (...) Era o momento certo, de fundar a facção Katiara em prol de trazer uma nova imagem com transparência e verdade para fortalecer o crime no estado da Bahia”
CONFLITOS E ALIANÇAS 
“Deixando para todos os irmãos da Katiara e todos os criminosos cientes (...) que o nosso objetivo é fortalecer todos os criminosos sem exceção, independentemente de ser nossos irmãos e nossos amigos, estamos juntos para fazer o certo respeitando sempre os espaços de todos, para todos respeitar nosso espaço”
SELEÇÃO DE MEMBROS 
“Não aceitamos em nossa facção caguetes (delatores), homossexual, estupradores, pedófilos e talaricos e usuários de crack e outras coisas que fere a ética do crime”
CAIXINHA
“Todos os integrantes que são da facção, terá obrigações de informar o nome da favela da cidade onde mora e de quantos irmãos faz parte da quebrada para poder usufruir dos benefícios que será fortalecidos, passar o nome de todos os irmãos e companheiro leal para que possam ter  (...)  suas matrículas de batismo, para passar para o responsável do gravata, para que estes benefícios sejam realizados. Todos os integrantes que estiverem na rua é obrigado pagar caixinha no valor de R$ 100 mensais todo dia 15 de cada mês”

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Cangaço Baiano...

Bandidos explodem banco e atiram contra casas e viatura da PM em Macururé



Na madrugada desta terça-feira (25), bandidos fortemente armados invadiram a cidade de Macururé, a 426 km de Salvador. 
 
De acordo com informações da polícia, o grupo formado por mais de 20 homens explodiram uma agência do Bradesco no município. 
 
 
Após saquearem o dinheiro, os criminosos ainda atiraram contra casas e uma unidade dos Correios. Ninguém foi preso. A polícia faz buscas pela região.

sábado, 15 de agosto de 2015

Bandido bom, é bandido morto...

"Que prendesse. Pra que tirar a vida?", reclama moradora após morte de assaltantes em ônibus

Dupla foi morta por passageiro durante assalto na av. Paralela. Somente em Salvador foram 1.309 assaltos desde o início do ano
15/08/2015 13:59:46
É como se os papéis  tivessem se invertido: o assaltante chega de arma em punho, anuncia o assalto, leva os pertences das vítimas. A maioria entrega tudo, ainda temerosa de que o bandido atire a qualquer momento. De repente, são ouvidos disparos, mas quem cai baleado é o assaltante.
Nos últimos quatro dias, cenas como essa, que ilustram reações a assaltos,  se repetiram três vezes em Salvador. O caso mais recente foi na sexta-feira (14), por volta das 8h30, na Avenida Paralela.
Peritos e agentes da Polícia Civil trabalham na remoção de corpo de assaltante. Comparsa caiu morto nas escadas do coletivo. Passageiros recuperaram pertences. Atirador fugiu (Foto: Marina Silva)
Demerson Santos Silva e o comparsa dele, identificado como Paulo Henrique, foram mortos por um passageiro após saquearem um ônibus da BTU, que faz a linha entre a localidade de Arembepe, em Camaçari, e o Terminal da França.
Segundo informações da Operação Gêmeos da Polícia Militar, os ladrões entraram no coletivo se passando por passageiros e anunciaram o assalto logo após o ônibus sair da Estação Mussurunga com cerca de 40 pessoas em direção à Rodoviária.
Na ação, Demerson  ameaçou os passageiros com uma pistola, enquanto o comparsa dele, Paulo Henrique, fez a coleta de celulares, carteiras e outros objetos de valor. Quando a dupla terminou o saque, o motorista foi obrigado a parar o coletivo próximo a uma passarela, na altura do Bairro da Paz.
Um passageiro, ainda não identificado, reagiu e atirou contra os dois, que morreram no local. Os tiros provocaram pânico, mas nenhuma testemunha ficou ferida na ação. De acordo com a polícia, Paulo Henrique morreu ainda dentro do ônibus.
Viaturas da Operação Gêmeos, da Polícia Militar, isolam área próxima a ônibus onde bandidos foram mortos
(Foto: Marina Silva)
Ele tinha 12 marcas de perfurações em várias partes do corpo. Já Demerson foi atingido por seis tiros quando estava na escada de saída do coletivo. Ele caiu morto já na pista. Ambos faleceram antes de receberem socorro médico.
Atirador
Uma equipe da Operação Gêmeos, comandada pelo tenente Fabrício Carlos, esteve no local, mas não localizou o atirador. Segundo o delegado Alberto Schramm, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), depois dos tiros, os passageiros pegaram seus pertences e saíram do coletivo.
Alguns chegaram a passar por cima dos corpos. A polícia ainda não tem pistas de quem seria o passageiro que reagiu ao assalto. “Foi alguém que presenciou o fato e tentou defender a sociedade”, disse Schramm.
Moradores
Segundo o perito Marcos Mouzinho, do Departamento de Polícia Técnica (DPT), Paulo Henrique e Demerson usavam duas bermudas, uma por cima da outra. “Isso é comum. Eles fazem isso para quando deixarem a cena do crime dispensarem uma das peças e não serem identificados”, aponta.
Ao saber das mortes,  alguns moradores da região se revoltaram. Segundo a polícia, os assaltantes moravam no Bairro da Paz. A população ameaçou fazer um protesto. “Pra que atirar neles? Eles entram na casa dos outros e quebram tudo”, disse um dos moradores, apontando para os policiais.
Mulher é amparada por policial civil, enquanto reconhece corpos(Foto: Marina Silva)
“Se ele foi roubar, que prendesse ele. Pra que tirar a vida dos meninos?”, reclamou outra moradora. Após o crime, o ônibus foi isolado para o trabalho de perícia pelo DPT. Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues.
O caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas ainda não tinha sido distribuído até o final da tarde de ontem.
ASSALTOS A ÔNIBUS COM REAÇÕES 
12/11/2014 - O policial militar Claudemir Lima de Almeida, 38 anos, reagiu a um assalto dentro de um ônibus em Pernambués e matou o assaltante Josemário Santos Nascimento. Houve troca de tiros quando o coletivo passava próximo à Madeireira Brotas. O assaltante ainda conseguiu acertar a cabeça do policial, de raspão. No tiroteio, o motorista do ônibus foi atingido nas costas, um passageiro no antebraço e outro na mão direita.
11/12/2014 - O policial militar Diogo Santos Freire, 29 anos, morreu ao reagir a um assalto a ônibus no Vale de Nazaré. Ele não estava em serviço no momento. Quando revidou, um dos assaltantes atirou e fugiu em seguida. No mesmo dia, a PM abordou dois suspeitos no Pau da Lima. Um deles reagiu e foi morto. O outro confessou participação no assalto, mas negou ter atirado no policial.
22/1/2015 - Um passageiro reagiu a um assalto dentro de um ônibus que fazia a linha Estação Mussurunga/Barra 1 e matou um dos assaltantes. De acordo com a polícia, dois homens entraram no coletivo assim que ele saiu do transbordo e anunciaram o assalto quando passava na altura do Wet’n Wild, no sentido Rodoviária. O outro assaltante acabou fugindo sem conseguir levar nenhum dos pertences dos passageiros.
28/5/2015  - Um passageiro atirou contra assaltantes dentro de um ônibus que fazia a linha Ribeira/Vale dos Lagos. Um dos assaltantes morreu. O caso aconteceu na Paralela, no início da manhã. Quando o trio descia do coletivo após o saque, um passageiro reagiu e conseguiu atingir  os três. Um deles morreu ainda nos degraus do ônibus. Os outros dois fugiram por um matagal, mas foram presos.
Estatística
Somente este ano, até 30 de junho, a Secretaria da Segurança Pública  (SSP-BA) registrou 107 roubos a coletivos na Área Integrada de Segurança Pública (Aisp 12/Itapuã). É a quarta área com o maior número de assaltos a coletivos, ficando atrás apenas das Aisps de Tancredo Neves (283), São Caetano (160) e Periperi (141).
Ao todo, são 16 áreas integradas. Somente na capital, foram 1.309 assaltos. O diretor de Imprensa do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Daniel Mota, queixou-se da exposição dos profissionais nessas situações. Diretores passavam pelo local quando notaram o tumulto.
“A gente encontrou a equipe de trabalhadores em pânico, principalmente o cobrador. Era visível a cara de apavorado, querendo sair dali a todo custo”, relatou.
Temor
Segundo Mota, o número de assaltos e os casos de violência têm deixado a categoria em alerta. “O pânico é grande e isso nos preocupa muito. Acendeu o farol amarelo. Só o estampido de uma arma dessa é muito apavorante num espaço tão minúsculo”, comentou.
Ele também pediu que as imagens de câmeras de segurança sejam usadas para ajudar nas prisões. O diretor de Relações Sindicais do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Jorge Castro, disse que sempre disponibiliza as imagens de câmeras quando solicitadas pela polícia.
Reações na Boca do Rio e Piatã deixaram um morto e dois feridos | Thiago Freire
Além da reação ao assalto na Avenida Paralela, outros dois casos do tipo terminaram com pessoas baleadas e atiradores sem identificação, em Piatã e na Boca do Rio, esta semana. No primeiro caso, uma dupla de assaltantes foi surpreendida e baleada em um restaurante.
No segundo, a polícia trabalha com duas versões. Em uma delas, a vítima de um assalto teria reagido - uma transeunte foi atingida por uma bala perdida. Anteontem, Gabriel Amarilton Bento Costa, 17 anos, e Gessé de Souza Oliveira, 19, sofreram disparos de arma de fogo após assaltar cerca de 30 pessoas em uma churrascaria em Piatã.
Os dois foram socorridos pela Polícia Militar, mas Gabriel morreu a caminho do Hospital Geral Menandro Faria. Gessé continua internado no local. Segundo o delegado ACM Santos, titular da 12ª Delegacia (Itapuã), Gessé portava um revólver calibre 38.
Gabriel vestia a farda de uma escola estadual, mas, segundo a Secretaria da Educação (SEC), ele não estava matriculado na rede. Na Boca do Rio, Adilson Ferreira Santos, 18, e um adolescente de 16 assaltaram um transeunte na Rua Hélio Machado, na manhã de terça-feira.
Houve tiroteio  e a professora Rosilene Carvalho dos Santos, 41, foi vítima de bala perdida. Ela foi liberada do Hospital Geral do Estado na tarde do mesmo dia. A polícia ainda investiga o ocorrido. Uma possibilidade é que um dos assaltantes tenha atirado.
Testemunhas contaram que a vítima do assalto foi quem atirou. A delegada Rogéria Araújo, da 9ª Delegacia (Boca do Rio), investiga o caso e admite as duas possibilidades.
Além de Adilson e o adolescente, Marcelo Soares Albuquerque Filho, 21, também foi preso. Segundo a polícia, foi Marcelo que disponibilizou as armas encontradas com os assaltantes, um revólver 38 e outro calibre 32, além de seis munições. Ele responderá por corrupção de menores. 
Detector de metais inibe assaltos em vans entre Feira e S. Estêvão
Depois de 29 assaltos em seis meses, os motoristas de vans que fazem o transporte entre Santo Estêvão e Feira de Santana, no Centro Norte do estado, decidiram buscar uma solução. Em julho do ano passado, implantaram detectores de metais e câmeras de segurança nos terminais de subida de passageiros e tiveram êxito.
Segundo Edmundo Gomes, presidente da Associação dos Condutores de Veículos Rodoviários de Santo Estêvão (Ascaverse), a decisão veio depois de muitos apelos ao poder público, que não solucionou o problema. “A gente dava queixa na delegacia, polícia rodoviária, fizemos audiência pública. Ninguém fazia o que deveria fazer”, lamenta.
Os assaltantes costumavam entrar nas vans como passageiros. Após passarem do posto da Polícia Rodoviária Estadual, anunciavam o assalto. A estrutura, presente nos dois municípios, consiste de um portal detector de metais com grades em volta.
“Vi um (portal) no aeroporto e tentei fazer parecido”, conta. Os portais custam R$ 800 por mês para a associação. Após a implantação, apenas um assalto foi registrado, em junho. “Ele passou por baixo das correntes, mas colocaremos grades”, avisa Edmundo. Segundo o presidente da Ascaverse, 46 vans fazem o percurso de 37 km, transportando cerca de 600 pessoas por dia.

Cangaço Baiano em pleno século 21...

Quadrilha cerca delegacia, faz moradores reféns e explode agência na Bahia

O grupo metralhou a fachada da delegacia, uma viatura da Civil e ainda fez dois moradores reféns
15/08/2015 12:54:09
Os moradores da cidade de Olindina, na microrregião de Ribeira do Pombal, viveram momentos de terror e pânico na madrugada deste sábado (15). Uma quadrilha fortemente armada invadiu a cidade, cercou as casas de policiais locais, a delegacia de Polícia Civil e a sede da Polícia Militar na área.
O grupo explodiu os caixas eletrônicos de uma agência do Banco do Brasil, fez dois moradores reféns, metralhou a fachada da delegacia e uma viatura da Civil que estava no local. A ação, que durou cerca de 30 minutos, começou por volta das 2h de hoje.
Quadrilha cerca delegacia, faz moradores reféns e explode agência na Bahia
(Foto: Bahianamidia.com)
Pelo menos 12 homens montaram guarda na frente da agência e da unidade policial - ambas situadas no Centro de Olindina. Outros ficaram cercando a sede da 6ª CIPM e as casas de policiais moradores da região, afirmou um investigador da Polícia Civil ao CORREIO. 
O policial, que preferiu não se identificar, era a única pessoa dentro da unidade quando o terror começou. "Eles já chegaram gritando, xingando e atirando pra cima e na fachada daqui, para ninguém sair. Nesse momento eu já sabia que eles iam assaltar o banco", relatou. 
A outra agência na cidade, do Bradesco, não foi alvo dos criminosos. "Ela até fica perto, mas tem pouco movimento", comentou o investigador. O grupo estava fortemente armado, portando pistolas e fuzis, usando coletes à prova de balas e usando máscaras.
O grupo metralhou a fachada da delegacia, uma viatura da Civil e ainda fez dois moradores reféns(Foto: Bahianamidia.com)
Dois rapazes que voltavam para casa de um festa de aniversário de um amigo, em uma motocicleta, foram interceptados pela quadrilha ao passar pelo local. "Eles foram mantidos reféns sob a mira de um fuzil enquanto durou toda a ação", informou o policial civil, ainda em entrevista ao CORREIO.
"Os bandidos foram embora e deixaram os rapazes no local. Mas antes disso, eles também ficaram atirando para cima enquanto estavam no banco", relembrou. A ação assustou os moradores da cidade, que acordaram com o barulho dos tiros e da gritaria.
Agência ficou destruída. Quadrilha também cercou as casas de policiais que moram na cidade (Foto: Bahianamidia.com)
A agência foi destruída com o impacto da explosão. Os integrantes do grupo fugiram em carros e motos na direção das cidades de Inhambupe e Alagoinhas. Testemunhas relatam que a quadrilha ainda deixou a cidade atirando. Ninguém ficou ferido.
A quantia roubada durante a ação ainda não foi determinada pela polícia. Após o cerco à sede da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), viaturas da PM realizam buscas pelos criminoso, mas nenhum dos envolvidos foi localizado e preso até às 11h30 deste sábado (15).

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Fim dos tempos...

Portadora da síndrome de Guillain-Barré fica sem andar em menos de 24 h

"Era difícil contar o que estava acontecendo. Ninguém me viu chorar, porque não sentia dor", disse Lidia García Villar
10/08/2015 18:55:59
A enfermeira espanhola Lidia García Villar, 34 anos, precisou utilizar uma cadeira de rodas apenas 24 horas após o início da manifestação dos sintomas da síndrome de Guillain-Barré. Em outubro de 2014, enquanto estava na casa da família, na Galícia, Espanha, Lidia começou a perder a força nas mãos.
Apesar de não ter dado importância ao fato no início, Lidia começou a se preocupar com o passar das horas, quando o sintoma se agravou e a sensação de fraqueza irradiou para os pés. "Era difícil contar o que estava acontecendo. Ninguém me viu chorar, porque não sentia dor; é uma sensação que você mesma acha que não tem importância. Mas eu dizia a eles: 'Isso não é normal; aconteceu algo comigo'", disse Lidia.

No dia seguinte, Lidia não mais conseguia usar as mãos e resolveu ir até um hospital, onde foi diagnosticada com a síndrome de Guillain-Barré. "Em poucas horas, meus músculos estavam completamente atrofiados", relembra.
Nove meses após o diagnóstico, Lidia ficou com poucas sequelas da síndrome. No entanto, ainda realiza sessões diárias de fisioterapia para recuperar os movimentos. "Ainda não consegui recuperar totalmente a sensibilidade das mãos", explica.
Guillain-Barré na BahiaNa Bahia, foram notificados até o mês de julho pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) 106 casos da doença. Os números foram coletados pela Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa) e divulgados através de um boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).
A capital baiana é o município com o maior número de casos confirmados. Ao todo, 38 pacientes estão com a doença. Ainda segundo a Sesab, Feira de Santana e Valença aparecem na sequência, com três e dois casos confirmados, respectivamente. Em toda a Bahia, 36 leitos estão reservados para pacientes com a doença - sendo 18 deles em Salvador.


 

Violência em Salvador, Bahia, Brasil...

Sargento da PM é baleado e morto na BR-324, em Salvador

PM Welington Guimarães Cavalcante chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu
11/08/2015 19:11:48
O sargento da Polícia Militar Wellington Guimarães Cavalcante, 49 anos, foi baleado e morto na manhã desta terça-feira (11) na BR-324, no bairro de Pirajá, em Salvador. O crime aconteceu por volta das 9h30, próximo ao supermercado Makro. Ele chegou a ser socorrido para um posto de saúde, mas não resistiu.
Segundo a delegada Marilene Lima, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que fez o levantamento cadavérico, o sargento dirigia uma Hilux prata pela rodovia quando foi abordado por quatro bandidos armados em uma Mitsubishi L200 Triton branco. O carro foi interceptado e quatro homens estavam a bordo, mas apenas dois desceram e fizeram a abordagem à vítima. 
De acordo com a polícia, os criminosos desceram do veículo se identificando como policiais e mandaram que o amigo de Wellington descesse do veículo. Quando o sargento falou que também era policial, eles efetuaram 10 disparos com a vítima ainda dentro do veículo. Ainda segundo a polícia, dois tiros atingiram a cabeça do policial e o restante as regiões da perna, ombro e peito. "Ainda não temos nenhuma hipótese de motivação do crime contra o policial", disse a delegada Marilene Lima.


Ainda de acordo com a polícia, havia outra pessoa no carro com o PM no momento do crime, mas ela não ficou ferida. O homem, que não teve a identidade revelada, é amigo antigo do policial e vai prestar depoimento no DHPP. Equipes da 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (Pirajá) e da 14ª (Lobato) estiveram no local, mas não localizaram os suspeitos. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, ninguém foi ouvido sobre o caso. 
Ainda no carro, o policial foi socorrido pelo amigo para a emergência do 8º Centro de Saúde, em São Caetano, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele era lotado no Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), em Barreiras. Em nota, a PM lamentou a morte do sargento e informou que ele estava na corporação há 28 anos.
O policial portava três armas no momento do crime. Uma delas foi levada pelos bandidos, mas outras duas continuaram escondidas em um compartimento do veículo. Apesar das armas, Wellington não teria reagido à ação dos criminosos. Imagens de câmeras de segurança foram solicitadas para duas empresas instaladas próximas ao local do crime, para ajudar na investigação.
O sargento Wellington deixa quatro filhos. O corpo dele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) no início da tarde. Ainda não há informações sobre o enterro do policial. A família não quis comentar sobre o caso.
Equipes da 9ª CIPM (Pirajá) continuam fazendo buscas pela região para tentar identificar e localizar os bandidos. Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica (DPT) voltou ao local do crime pela tarde para fazer perícia.

PM de luto...

Sargento da PM é executado dentro do carro na BR-324



Um sargento da Polícia Militar foi executado na manhã desta terça-feira (11), na BR-324, em Salvador. Wellington Guimarães Cavalcante estava a bordo da caminhonete L200, quando foi alvejado por bandidos a bordo de Hilux, cor prata, em frente à distribuidora da Itaipava, próximo ao Makro.
De acordo com testemunhas, o policial chegou a ser socorrido para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo a polícia, os pertences do veículo do sargento foram saqueados por populares da região. 


Violência conta PM...

Vídeo: assista o momento em que sargento é executado na BR-324


Por Redação Bocão News (twitter: @bocaonews)
Um sargento da Polícia Militar foi executado na manhã desta terça-feira (11), na BR-324, em Salvador. Wellington Guimarães Cavalcante estava a bordo da caminhonete L200, quando foi alvejado por bandidos a bordo de Hilux, cor prata, em frente à distribuidora da Itaipava, próximo ao Makro.
 
Veja abaixo o vídeo que mostra o momento do crime:
 
 

domingo, 2 de agosto de 2015

A lei e o crime...

Estatuto do crime: facção baiana cria código de conduta inspirado no PCC

CORREIO teve acesso, com exclusividade, ao estatuto da facção Katiara
02/08/2015 18:13:26
É terça-feira, 14 de julho, e policiais da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) realizam incursão em uma localidade de Cajazeiras. Um homem, morador do bairro vizinho de Águas Claras, é abordado pelos policiais. Leandro Santos Moreira leva consigo munições, mas o que chama a atenção é um documento de quatro folhas com 11 tópicos e um pequeno texto de introdução, de três parágrafos, dobrado em um dos bolsos da bermuda.

O título, Estatuto da Katiara, é o mesmo que aparece em algumas imagens que circulam através do aplicativo WhatsApp e que já chegaram às mãos de PMs e delegados. “Comparei o documento que via circulando nas redes sociais com o que estava em poder de Leandro e é o mesmo”, contou o tenente Josuel Lopes, comandante interino da 3ª CIPM (Cajazeiras).
Para marcar território, traficantes picham paredes com nome de facção
(Foto: Evandro Veiga / Arquivo Correio)
O estatuto estabelece diversas diretrizes que devem ser seguidas pelos membros da facção - desde critérios para novos membros  até regras para empréstimos, luto, caixinha mensal e até ajuda às famílias (ver quadro no rodapé). São as determinações que regem o tráfico de drogas em vários municípios do Recôncavo e que vêm ganhando espaço em Salvador. 
A Katiara é liderada por Adílson Souza Lima, o Roceirinho, que está preso desde 2012, mas, segundo a polícia, controlava, de dentro do presídio de Serrinha, no Centro-Norte do estado, o tráfico em Maragojipe, Salinas da Margarida, Itaparica, Nazaré das Farinhas, Vera Cruz, Santo Antônio de Jesus e Santo Amaro, no Recôncavo. Desde maio, o traficante se encontra no presídio federal de Campo Grande (MS). 
Capital
Em Salvador, Roceirinho domina parte do bairro de Valéria, Águas Claras e Lobato. No último dia 24, uma chacina deixou quatro mortos – entre eles, o policial militar Osvaldo Costa da Conceição Filho, 49 anos, e o filho dele, Railander, 24, em uma chacina na localidade de Nova Brasília de Valéria, próxima à Lagoa da Paixão, antigo território do traficante Cebola, morto este ano, supostamente a mando de Roceirinho. Nas redes sociais, comenta-se que a autoria das mortes seria de indivíduos conhecidos como Pinha, Tarugo e Tcheca, da Katiara, o que não foi confirmado pela Polícia Civil. Luiz Cláudio Sena dos Santos, 27 anos, conhecido como  Tarugo, morreu na madrugada de sexta-feira em um confronto com a Rondesp. A Polícia Civil confirmou que ele era um dos suspeitos, mas não atribui o ataque à facção.
No entanto, o delegado Nilton Borba, titular da 5ª Delegacia (Periperi), disse que a chacina tinha relação com a disputa por território do tráfico de drogas entre os bairros de Valéria e Fazenda Coutos.
Roceirinho seria um dos três fundadores da facção: está preso no Mato Grosso do Sul
(Foto: Polícia Civil)
Afirmação
Para o tenente Josuel Lopes, da 3ª CIPM, o estatuto é uma forma de estabelecer alguma organização. “São grupos que, para se autointitular como grupo organizado, estabelecem regras que garantem que as quadrilhas existam de fato”, diz. O juiz Flávio Oliveira Lucas, titular da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro e autor de artigos sobre organizações criminosas e Poder Judiciário, analisou o documento a pedido do CORREIO. Para ele, “os princípios parecem ter sido quase copiados dos que são divulgados e atribuídos ao PCC (facção com base em São Paulo)”. Mas, segundo ele, estatutos escritos são a marca de organizações criminosas primárias. “Somente as organizações mais primárias, como as que normalmente temos aqui, é que possuem códigos de ética escritos”, aponta ele.
 O juiz explica que essas organizações não possuem uma estrutura verdadeiramente consolidada e rígida, o que leva  tempo, e que os valores e regras ficam à mercê da vontade do líder. “Tome-se como base a Máfia ou a Camorra, organizações que já atuam há mais de um século e que, por terem se formado em vilarejos, acabam incorporando os valores locais e tendo-os como regras.  Nelas, não há sequer necessidade de se escrever o que vale ali, pois os princípios já estão incorporados às mentalidades”, exemplifica.  O diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Jorge Figueiredo, reconhece a existência do estatuto, mas pondera. “Não é uma prova de que eles estão se organizando. As pessoas no mundo virtual estão copiando a realidade de outros estados e países e tentando avocar para suas cidades”, declara ele.
Origens
O texto de introdução do Estatuto da Katiara diz que o documento foi idealizado por três integrantes, chamados de “irmãos 33, 01, 35” e que o já criado Primeiro Comando do Recôncavo passava a se chamar Katiara a partir de 16 de outubro de 2013, em “prol de trazer uma nova imagem com transparência e verdade para fortalecer o crime no estado da Bahia”.

A todo momento, o grupo de criminosos se intitula uma facção e segue os moldes de outras organizações criminosas do país, com quem mantém laços estreitos: a A.D.A (Amigos dos Amigos), a maior do Rio de Janeiro, e o PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo.

O juiz federal Flávio de Oliveira Lucas, que analisou o estatuto a pedido do CORREIO, disse chamar a atenção as ligações que a Katiara afirma ter com outras facções. Ele chamou de “preocupante”  a notícia de que a facção vem estabelecendo contatos e parcerias com as de outros estados. 
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Terceiro fundador da Katiara, Mamano foi achado morto em novembro do ano passado
(Foto: Polícia Civil)
Organizados?
Apesar da existência do documento, há delegados que consideram a Katiara um grupo desorganizado. Roberto Alves, que substitui a titular Olveranda Oliveira na 13ª Delegacia (Cajazeiras), pontuou que é complicado falar em conduta de qualquer organização criminosa. No entanto, se posiciona ao considerar improvável que o grupo tenha uma coordenação eficiente diante do quadro social em que os envolvidos estão inseridos. “Eles são desorganizados, não conhecem sobre planejamento administrativo, sobre dirigir e controlar qualquer tipo de ação. É um lugar onde a pobreza é extrema e há uma exclusão das pessoas de tudo da sociedade. Fica difícil imaginar uma organização desse tipo”, analisa. 
Para o delegado Jorge Figueiredo, na Bahia não há facções, e sim quadrilhas, grupos criminosos menos organizadas. “Temos quadrilhas que tentam robustecer sua imagen, para ostentar poder, ganhar conceito. Já as facções propriamente ditas, no Rio e São Paulo, têm um estatuto onde diz a forma de atuação, um sistema bem mais complexo do que este (Katiara)”, sugere Figueiredo. A delegada de Salinas da Margarida, Isabel Sento Sé, concorda com o colega. Ela desconhecia o estatuto, embora diga que em uma ocasião, três integrantes da quadrilha foram presos na cidade e, em determinados momentos, cantavam uma música sobre a facção. “Nem sei se posso considerar a Katiara uma organização, porque eles são tão desorganizados. Mas todos esses grupos têm um código de honra e uma simbologia”, admite.
 Já o delegado titular de Nazaré das Farinhas, Marcos Maia, conta que  a Katiara é fundada a partir do estatuto e que essas regras são comuns entre facções. “Começou no Rio de Janeiro, com o Comando Vermelho, depois foi o PCC, liderado por um cara que está preso e depois vieram as daqui da Bahia, com Perna, Cláudio Campanha, Ravengar, que foram criadas lá na (Penitenciária) Lemos Brito”, relata. Para Maia, chama a atenção a organização do grupo. “Quando você cria um grupo de elementos voltado exclusivamente para o crime, isso afeta o Estado de Direito. Isso chama a atenção da Secretaria da Segurança Pública porque ela sabe que existe um grupo voltado exclusivamente para as práticas criminais”, aponta.
Reduto da Katiara, Águas Claras virou campo de guerra do tráfico
As marcas da violência vão além dos olhos assustados e desconfiados dos moradores de Águas Claras. Estão nas casas pichadas e com marcas de tiros e nas cicatrizes deixadas em inocentes, vítimas de balas perdidas da guerra entre  as facções Katiara e Caveira. Desde dezembro, a região virou uma praça de guerra, onde os traficantes dos dois grupos buscam o controle total do comércio de drogas na área.

Os confrontos não têm dia nem horário e há locais que a polícia não entra, segundo moradores. A zona limite entre os domínios dos bandos é a Rua Presidente Médici. O QG da Katiara é a Rua Ulisses Guimarães, diz a polícia.

Duas das mortes atribuídas a essa disputa ocorreram em 4 de maio, quando os irmãos Uelder, 22 anos, e Uelbert de Jesus, 23, foram executados, com vários tiros, na Travessa Alecrim. O crime é atribuído a membros da Katiara. Uelbert seria da Caveira.
Estatuto menciona  fundadores: um morreu e outro está preso
Um dos tópicos do Estatuto da Katiara faz referência à morte de um dos fundadores da facção, o 35, no dia 19 de dezembro de 2014. Os outros dois fundadores, 01 e 33, pedem que a data seja lembrada com respeito pelos integrantes. O número 35 seria o traficante Rodrigo Ferreira dos Santos, o Mamano, que era gerente de Roceirinho, encontrado carbonizado no dia 15 de novembro de 2014. Na época, com a morte de Mamano, bandidos puseram fogo em ônibus no bairro de Valéria. Segundo o delegado Lúcio Ubiracê, de Itaparica, o bandido seria o responsável pelo paiol de armas e de coletes da Katiara.

Outro trecho relata que um dos idealizadores do estatuto, o 33, esteve em março de 2014 no presídio federal de Campo Grande (MS). Assim, tudo indica que o 33 seja o próprio Roceirinho, que foi transferido de Serrinha para lá em maio passado. Os advogados tentavam trazê-lo de volta para Serrinha, mas o desembargador federal André Nekatschalow negou o pedido, alegando que ele poderia reincidir em crimes.

Os delegados de Maragojipe, Salinas da Margarida, Nazaré, Vera Cruz, Itaparica e dos bairros de Cajazeiras e Plataforma disseram não saber quem são os irmãos 33 e 01.
 Questionado sobre a identidade dos líderes, o delegado de Santo Amaro, José Antônio Costa Teixeira Alves, disse que esse era um “sigilo de investigação” e que, independente disso, o objetivo da Polícia Civil é “capturar” os envolvidos “pelos diversos crimes, que vão desde tráfico, homicídio, roubo, até organização criminosa”.

Suposto “irmão 33” da Katiara, Roceirinho já teve R$ 2,5 milhões em imóveis, veículos e dinheiro bloqueados e sequestrados pela Justiça. Entre os bens estão uma casa em Jacuípe, apartamentos em Lauro de Freitas e em Aracaju, uma fazenda e diversos veículos. Em setembro de 2012, ele foi flagrado num hotel de luxo, em Ondina, com R$ 168 mil, em espécie. Também é atribuída a ele uma chacina que matou cinco pessoas da mesma família, em Barra do Gil, na Ilha de Itaparica, em 2010